G1 – 14/01/2020
Após 2 meses seguidos de alta, o volume do setor de serviços caiu 0,1% em novembro, na comparação com outubro, segundo divulgou nesta terça-feira (14) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do pior resultado para meses de novembro desde 2016, quando houve queda de 0,3%.
Já em relação a novembro de 2018, houve crescimento de 1,8%.
“É uma acomodação dos últimos dois resultados. Tivemos setembro com alta de 1,5% e outubro com alta de 0,8%, acumulando 2,2% no período. Se analisamos de julho a novembro, o volume de serviços cresceu 2,9%”, avaliou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Alta de 0,9% em 12 meses
No acumulado de janeiro a novembro, o setor registrou avanço de 0,9%. Em 12 meses, a alta acumulada também ficou em 0,9%, o que representa um ganho de ritmo frente a agosto (0,6%), setembro (0,7%) e outubro (0,8%).
A alta no acumulado em 12 meses para novembro também representou o primeiro resultado positivo desde 2015. No ano passado, a variação foi zero no mesmo período.
Apesar da recuperação ao longo de 2019, o setor ainda está 9,8% abaixo do recorde alcançado em novembro de 2014. De acordo com o gerente da pesquisa, é como se o setor operasse em nível semelhante ao observado em março de 2012.
A receita nominal dos serviços prestados no país, por sua caiu 0,5% em novembro, na comparação com outubro. Ante novembro de 2018, houve alta, de 5%. Também houve crescimento no ano e em 12 meses, de 4,4% em ambos casos.
Setor deve ter 1ª alta anual em 5 anos
Segundo o IBGE, o recuo de novembro não sinaliza, entretanto, uma reversão de trajetória de recuperação. “Observamos de julho para cá um movimento mais forte do setor de serviços, então o ganho acumulado de julho para cá é suficientemente grande para que essa queda de 0,1% na margem se apresente como uma estabilidade”, afirmou Lobo.
Os resultados dos 11 meses indicam que o setor de serviços tende a encerrar 2019 com a primeira alta em 5 anos. Segundo o gerente da pesquisa, para repetir o resultado de 2018, que foi de estagnação (variação zero), dezembro precisaria registrar uma queda de, pelo menos, 8,8%. Para ficar no campo negativo, a queda do último mês precisaria ser superior a 10%.
Setor de transportes foi o que mais pesou em novembro
De outubro para novembro, houve quedas em três das cinco atividades, com destaque para o recuo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,7%), serviços de informação e comunicação (-0,4%) e serviços prestados às famílias (-1,5%).
A principal pressão negativa no resultado do setor de serviços em novembro partiu do segmento de transportes que, segundo o IBGE, foi prejudicado pelo desempenho do setor industrial. “Todo o movimento de queda da indústria se reflete em baixo volume do transporte de cargas no país”, apontou o pesquisador.
O segundo maior impacto negativo foi do segmento de serviços de informação e comunicação, puxado pelas atividades de desenvolvimento e licenciamento de softwares e consultoria em tecnologia da informação. “Aliado a estes dois serviços, vale destacar também cinematográfica, que gerou receita menor que a observada em outubro, possivelmente por conta de promoções e eventos por conta do Dia das Crianças”, observou Lobo.
Estes dois segmentos – serviços de transportes e serviços de informação e comunicação –representam, juntos, 63% de todo o setor de serviços.
Veja a variação do volume de serviços em novembro, por atividade e subgrupos:
- Serviços prestados às famílias: -1,5%
- Serviços de alojamento e alimentação: -1,8%
- Outros serviços prestados às famílias: 0,1%
- Serviços de informação e comunicação: -0,4%
- Serviços de tecnologia da informação e comunicação: 0,1%
- Telecomunicações: 0,1%
- Serviços de tecnologia da informação: 0,2%
- Serviços audiovisuais: -0,8%
- Serviços profissionais, administrativos e complementares: 0,1%
- Serviços técnico-profissionais: -0,3%
- Serviços administrativos e complementares: -0,6%
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -0,7%
- Transporte terrestre: -1,6%
- Transporte aquaviário: 0,5%
- Transporte aéreo: -3,3%
- Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,1%
- Outros serviços: 1,7%
No acumulado de janeiro a novembro, frente a igual período de 2018, o setor de serviços avançou em quatro das cinco atividades: serviços de informação e comunicação (3,3%), outros serviços (5,2%), serviços prestados às famílias (3,3%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,5%). A única queda foi observada no segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-2,6%).
Queda em 16 estados
Regionalmente, 16 dos 27 estados tiveram queda no volume de serviços em novembro, na comparação com o mês imediatamente anterior. As maiores queda foram registradas em Mato Grosso (-5,7%), Minas Gerais (-1,1%), Pernambuco (-3,0%), Santa Catarina (-1,8%) e Espírito Santo (-3,5%). Na outra ponta, os principais resultados positivos em termos regionais vieram de Rio de Janeiro (0,8%) e do Distrito Federal (0,9%).
Perspectivas
Apesar dos sinais de melhora da economia no 2º semestre de 2019, os dados divulgados até o momento mostram uma perda de ritmo da atividade em novembro.
Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial caiu 1,2% em novembro, interrompendo uma sequência de 3 altas seguidas.
O mercado financeiro trabalha com uma estimativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2019 um pouco acima de 1%, após avanço de 1,3% em 2017 e em 2018%. A última previsão apurada pela pesquisa Focus do Banco Central foi de uma alta de 1,17% para a economia brasileira no ano passado.