Por O Povo – 22/07/2018
Em vez de competidores, parceiros. É assim que grandes corporações estão começando a enxergar as startups. A inovação de uma se funde à experiência da outra. Forma-se a simbiose conhecida como Corporate Venture, termo do inglês para o investimento de gigantes do mercado em iniciantes com viés tecnológico. No Brasil, a prática tem se tornado mais comum nos últimos dois anos. O acordo de ganhos mútuos inclui o suporte financeiro e mentorias de empresas já consolidadas em troca de soluções.
O número de programas de aceleração cresce na medida em que startups cresce. Algo que pode significar um contrato com uma gigante ou aporte financeiro para se desenvolver. É isso que oferece o recém-lançado programa Germinar do grupo cearense M. Dias Branco. “Queremos soluções tecnológicas que otimizem o nível de serviço e a experiência dos consumidores. É a primeira vez que trabalhamos com um projeto assim e estamos muito otimistas”, Fábio Cefaly, diretor de novos negócios e relações com investidores da companhia.
No Ceará, a Casa Azul Ventures oferece programas de aceleração para 7 startups de frentes variadas. A aceleradora é resultado de uma parceria entre o Elo Group e o Grupo de Comunicação O Povo (GCOP). Para o diretor-executivo, Raphael Gonçalves, as vantagens são claras e os resultados já começam a aparecer.
“O objetivo principal é que elas cresçam e, no futuro, o GCOP esteja conectado a diferentes negócios e consiga entender ainda mais o consumidor e criar melhores produtos de comunicação. No curto prazo, os ganhos são de posicionar a marca do Grupo em inovação e no ecossistema de startups. O Chatbot Maker, por exemplo, fez o Chatbot do O POVO Online, que é mais um canal de engajamento e conversa com o consumidor de conteúdo do O POVO”, conta.
A empreendedora Larissa Lima, de 22 anos, foi uma das que se beneficiaram com o programa da Casa Azul Ventures. Com a ajuda dos sócios Gabriel Gurgueira e Bruno Raniery, ela criou o Mercadapp, aplicativo que realiza compras e entrega de produtos de supermercados. Workshops e mentorias contribuem como uma “alavanca intelectual”. “Eles capacitam os empreendedores nas principais áreas estratégicas de uma startup, ciando um network de conhecimentos, experiências e possíveis parceiros”, avalia.
Para Erico Fileno, diretor-executivo de inovação da Visa, empresa que completa o segundo ano de programas de aceleração, as grandes corporações têm muito a aprender com as startups. “Quando falo alguma novidade com startup, o empreendedor já quer no mesmo dia. Em uma semana, uma startup já testa e descobre se a solução dá ou não certo”, completa.
Para o presidente da Associação Brasileira de Startups, Rafael Ribeiro, a crise econômica contribuiu com o surgimento e crescimento de startups no Brasil. “Tinha um mito de que as startups matariam as grandes empresas. Elas entenderam que, na verdade, podem agregar. Mas as empresas ainda precisam entender que é preciso pagar startups por um projeto piloto. Realizar trabalhos de graça impacta no caixa das startups. Por outro lado, as startups têm de ser justas na precificação e não aumentar o preço quando for servir grandes empresas por terem mais dinheiro”, explica.