A sede por água de coco estimula produção brasileira

Por ISTO É  – 11/04/2018

Valorizada por seus benefícios nutricionais, na moda entre as celebridades, a água de coco viu sua produção se intensificar no Brasil, impulsionada pelo aumento do consumo doméstico e global.

Quarto maior produtos mundial de coco, bem atrás de Indonésia, Filipinas e Índia, o Brasil se distingue dos concorrentes asiáticos para produção de coco verde, do qual é extraída a água de coco.

O país sul-americano é o primeiro produtor mundial da bebida. Do 1,9 bilhão de cocos colhidos em 2015 no Brasil – o dobro da produção de 20 anos antes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) -, 70% eram verdes.

“Dez anos atrás, os cocos secos, que produzem leite e óleo de coco, representavam a metade da colheita nacional”, destaca Francisco Porto, presidente do Sindicato Nacional de Produtores de Coco do Brasil (Sindcoco).

– Coqueiros-anões crescem –

A superfície ocupada por coqueiros cresceu pouco desde 1990, passando de 210 mil hectares a 152.661 hectares atuais, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Os coqueiros gigantes, destinados à produção de coco seco, ainda ocupam a maior parte das plantações, especialmente no nordeste brasileiro. Contudo, o cultivo de coqueiros-anãos, usado para os cocos verdes e quatro vezes mais produtivo, ganhou terreno. Ele se desenvolve em novas regiões por grandes produtores e empresas do agronegócio.

“O crescimento do cultivo de coqueiros de variedade anão intensificou-se há aproximadamente 15 a 20 anos, em função do aumento da demanda por água de coco”, explica à AFP Humberto Rollemberg Fontes, engenheiro agrônomo da Embrapa.

Diferentemente das plantações de coqueiros-gigantes, “os plantios foram realizados em sua maioria com irrigação com manejo cultural e fitossanitário adequados”.

Cerca de 100 mil hectares hoje são dedicados cultivo de coqueiros-anões.

– Mercado em expansão –

Do lado do consumidor, o mercado brasileiro de água de coco virou de cabeça para baixo no início dos anos 2000, quando Luiz Otávio Pôssas Gonçalves, fundador da marca Kero Coco, começou a comercializar a bebida em caixas, muito lucrativas.

A bebida, até então consumida apenas diretamente da fruta, tinha uma validade muito limitada. Em caixinhas, ela começou a se afastar das praias para chegar aos grandes centros urbanos do sudeste do país, onde seu consumo continuou a crescer.

Segundo um estudo da Euromonitor de 2016, o mercado brasileiro de água de coco deve ter uma expansão anual média, em volume, de 9,2% até 2020, tomando parte do mercado de refrigerantes.

Diante dessas perspectivas e desejando melhorar sua imagem, gigantes de refrigerantes e bebidas alcoólicas não demoraram para se posicionar.

Em 2009, o grupo americano PepsiCo já tinha adquirido o grupo Kero Coco, líder do mercado. A brasileira Ambev adquiriu a marca carioca Do Bem em 2016.

A água de coco brasileira também pode crescer nos mercados americano e europeu. “Ano passado, nossa água se vendeu mais nos Estados Unidos do que no Brasil, enquanto há cinco anos, os americanos quase não compravam”, aponta Roberto Lessa, CEO da Aurantiaca, fabricante da marca Obrigado, terceira no mercado nacional.

“A Europa deve seguir o mesmo caminho. Hoje em dia, vendemos a metade da nossa produção no exterior. Até 2025, prevemos vender 75% da produção fora do Brasil”, acrescenta. Até lá, o grupo terá aumentado 50% de suas capacidades de produção.

 

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