UOL – 04/02/2020
A produção da indústria brasileira registrou queda 1,1% em 2019, na comparação com 2018, após dois anos seguidos de crescimento, em 2017 (2,5%) e 2018 (1%). A tragédia de Brumadinho (MG) teve forte influência no setor.
Só em dezembro, a produção industrial nacional caiu 0,7% na comparação com o mês anterior, segunda taxa negativa seguida. Em relação a dezembro de 2018, a indústria caiu 1,2%. O desempenho da indústria no último mês do ano foi pior que o esperado por analistas.
Com esses resultados, o setor industrial recuou tanto no fechamento do quarto trimestre de 2019 (-0,6%), como no acumulado do segundo semestre (-0,9%), contra iguais períodos do ano anterior.
No ano de 2019, além do rompimento da barragem de Brumadinho, a indústria do Brasil enfrentou dificuldades como a crise na Argentina, grande importadora de produtos industrializados brasileiros, desemprego ainda elevado no Brasil e dificuldades da economia em engrenar com mais força, o que limita o consumo das famílias. Por outro lado, a liberação de saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de algum suporte ao consumo.
As informações são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Brumadinho puxou queda de 10% da indústria extrativa.
De acordo com Macedo, se o setor extrativo (-9,7%) fosse retirado do cálculo, a variação da produção industrial seria de 0,2% no ano.
16 entre 24 atividades tiveram queda no ano
Outros fatores também contribuíram para o recuo da indústria brasileira. Das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE, 16 tiveram queda no ano.
De acordo com os dados do IBGE, a categoria de Bens Intermediários perdeu 2,2%, sendo seguido pela queda de 0,4% na produção de Bens de Capital, um indicador dos investimentos. O único ganho foi registrado por Bens de Consumo, de 1,1%.
Mas em dezembro, na comparação com o mês anterior, a fabricação de Bens de Capital despencou 8,8%, com os Bens de Consumo caindo 1,4% e os Bens Intermediários subindo apenas 0,1%.
Entre as atividades, veículos automotores, reboques e carrocerias perderam 4,7% enquanto máquinas e equipamentos tiveram queda de 7%.
Mercado interno ainda fraco
“A produção industrial pode estar sendo impactada pelas incertezas no ambiente externo e também pela situação do mercado de trabalho no país que, embora tenha tido melhora, ainda afeta a demanda doméstica”, disse Macedo.
Do lado positivo está a produção de bens de consumo, tanto duráveis quanto não duráveis. “O avanço no mercado de trabalho e a liberação de saques do FGTS injetaram dinheiro na economia, impulsionando essa atividade”, afirmou.
A mais recente pesquisa Focus do Banco Central mostra que os economistas esperam retomada da produção da indústria em 2020, com uma alta de 2,21%, chegando a um aumento de 2,5% em 2021.