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Bambu passa de praga a gerador de renda no Acre

Por Revista Globo Rural – 21/05/2018

Uma nova forma de manejo do bambu nativo está sendo oferecida pela Embrapa como fonte alternativa de renda para comunidades carentes do Acre. Tratam-se de técnicas de colheita desenvolvidas pelos pesquisadores que fazem o bambu brotar continuamente e se reproduzir por muito tempo.

O trabalho de pesquisa foi desenvolvido com moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes, no município de Assis Brasil (AC), com o objetivo de definir um novo sistema de produção para a cultura. O resultado obtido também contribuiu para desmistificar o vegetal, que segundo a Embrapa, até então era considerado indesejado por sua capacidade de se espalhar rapidamente.

As potencialidades do bambu foram demonstradas aos agricultores locais com a instalação de um experimento na comunidade de Bambuzal, onde foram testadas técnicas como seleção, corte e colheita da planta, além de métodos de tratamento e processamento para garantir qualidade à madeira.  “Paralelamente, identificamos alternativas sustentáveis de aproveitamento da madeira na propriedade e compradores potenciais para a produção. Aos poucos, eles perceberam que o bambu é uma cultura promissora, com muitas possibilidades econômicas”, relata o pesquisador do Embrapa Acre Elias Miranda.

Algumas características do bambu contribuem para seu desempenho positivo, como perenidade, rápido crescimento – algumas espécies crescem até 20 centímetros por dia – facilidade de regeneração, e possibilitam que o vegetal produza por mais de 30 anos, sem a necessidade de replantio. Uma das principais particularidades do seu manejo é a colheita seletiva, com retirada anual de colmos (varas) maduros. Em bambuzais nativos deve ser colhida metade das plantas por touceira. Em cultivos plantados, a partir dos cinco anos é possível colher de 20% a 50% dos colmos com potencial econômico, dependendo da espécie e finalidade de uso.

Na propriedade do agricultor Assis Oliveira, a família investiu na comercialização de colmos (varas) e esterilhas (pranchas aplainadas utilizadas para a confecção de painéis) tratadas na comunidade.

O aprendizado prático do manejo do bambu transformou em fonte de renda uma planta vista como praga na propriedade do agricultor Assis Oliveira. Ele investiu na comercialização de colmos e esterilhas (prancha aplainadas usadas para confecção de painéis) tratadas na comunidade. “Em três anos, faturamos R$ 80 mil com a venda desses produtos. Uma pena não ter despertado antes para o valor do bambu”, conta o agricultor Oliveira.

Outros produtores seguiram o exemplo e investiram na atividade produtiva do bambu, entre eles Francisco da Silva, morador do Assentamento Bandeirante, município de Porto Acre. “Aprendi a realizar a colheita na floresta e tratar a madeira de forma adequada. Hoje atendo encomendas de empresas de Rio Branco e São Paulo. Cada vara de quatro metros custa entre oito e R$ 12, de acordo com o diâmetro”, enfatiza. Sua meta é ampliar o negócio e aliar o cultivo do açaí com o de bambu.

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