O Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre publica, nesta quinta-feira, 15, o Boletim de Conjuntura Econômica com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país. Os economistas da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape) analisaram os dados da inflação do Acre e Rio Branco e fizeram um comparativo entre os meses de dezembro do ano passado e janeiro deste ano.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e analisados pelo professor de economia da Universidade Federal do Acre (Ufac) e da Fundape Rubicleis Gomes. Leia o estudo completo aqui.
O estudo destaca que em dezembro de 2023 a inflação em Rio Branco chegou a 0,90%, a maior do ano. No primeiro mês de 2024 houve uma redução de 0,33 ponto percentual e o IPCA da capital acreana fechou em 0,63%. Mesmo com a redução, os economistas da Fundape ressaltam que a inflação local encontra-se em um patamar muito superior à média mensal de 2023.
No tocante à inflação acumulada nos últimos 12 meses, a inflação de Rio Branco (4,58%) se encontra acima da nacional, que foi de 4,51%. A pesquisa mostra evolução da variação da inflação em nove grupos que compõem o IPCA de Rio Branco. Os grupos de alimentação e bebidas, despesas pessoais, comunicação, habitação e cuidados pessoais apresentam, desde 2023, uma tendência crescente.
Conforme a análise, apenas os grupos de alimentação e bebidas, em conjunto com habitação, são responsáveis por 98,24% da inflação de janeiro. Já o grupo de transporte apresentou deflação de 0,83%. Isoladamente, essa deflação representou uma redução no IPCA local de 31,26%, dessa forma, contribuindo para desacelerar a inflação local.
Os especialistas apontam que o subgrupo de alimentação em domicílio teve uma participação significativa na inflação de Rio Branco no período avaliado. O estudo lista dez produtos que apresentaram mais aumento e redução de preço nos supermercados rio-branquenses. A batata-inglesa foi o produto que apresentou o maior aumento de preço mês passado. O preço do legume aumentou quase 30%.
Os demais alimentos que aparecem na listagem são:
- Abacate – 15,27%
- Tomate – 11,78%
- Açaí – 11,17%
- Laranja pera – 10,17%
- Arroz – 7,59%
- Feijão carioca – 8,38%
Dentre esses produtos, os economistas o arroz é o que apresentou maior impacto sobre a inflação.
Situações climáticas
Segundo os especialistas, as mudanças climáticas estão entre as principais causas para o aumento no preço dos alimentos. No caso do arroz, os pesquisadores listam quatro motivos para a elevação de preços. São eles:
- Redução dos estoques nacionais
- Migração do produtor para outras culturas
- Restrições dos embarques de arroz pela Índia, principal exportador global do cereal
- Fenômeno El Niño.
Sobre o feijão, o professor da Ufac e da Fundape Rubicleis Gomes ressalta que a saca do carioca chegou a US$ 72 nos primeiros três meses de 2023 e, de abril a novembro do mesmo ano, o preço ficou em média US$ 47. Essa redução de preço inibiu o aumento da área plantada e, consequentemente, a oferta diminuiu e o preço subiu. O El Niño impactou a redução da produtividade agropecuária.
“Além disso, é preciso mencionar que as previsões de mercado e das autoridades governamentais indicam que, em função de problemas climáticos, a oferta de grãos (principalmente o feijão) será fortemente impactada”, explica o professor.
E a batata, o que explica essa elevada variação? Conforme a pesquisa, as chuvas em excesso atrapalharam a safra, além de ter havido uma demanda maior por conta das festas de fim de ano.
Em relação ao tomate, o levantamento mostra que o acréscimo das temperaturas nas regiões produtoras contribuiu para o amadurecimento do fruto e aumentou a oferta. Contudo os valores pagos pelos consumidores não reduziram, uma vez que as colheitas de inverno e do início de verão ocorreram em momentos desfavoráveis para a qualidade do fruto.
Previsões
Os economistas da Fundape apontam que o ano de 2024 apresentará constantes elevações de preços de produtos agropecuários em função do impacto de variações climáticas. Outro ponto importante frisado é que, ao longo do ano, haverá sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis, passagens aéreas e, no final do ano, da energia elétrica, ou seja, existem motivos para a inflação aumentar.