O Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape) publicam mais um capítulo do 5º Boletim de Conjuntura Econômica. Desta vez, os doutores em economia fizeram um estudo sobre a distribuição de renda e pobreza no Acre no período pós pandemia.
O estudo completo pode ser conferido aqui.
O artigo traz informações sobre a dinâmica do rendimento médio da população residente, a quantidade de empregos informais, rendimento médio real do trabalho, o papel dos programas sociais que beneficiam famílias em situação de pobreza e extrema pobreza e rendimento médio domiciliar per capita.
A professora e doutora em economia da Universidade Federal do Acre (Ufac) Gisele Araújo analisou dados divulgados pelo IBGE, calculados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Os dados indicam que o rendimento da população acreano caiu significativamente desde 2012, sobretudo o rendimento habitual do trabalho, que reduziu 9,09% em dez anos, sinalizando um alerta para a economia do estado, uma vez que este é o principal componente da renda e garantia do bem-estar social das famílias.
Outro dado importante discutido no artigo diz respeito ao incremento do número de pessoas ocupadas no estado no período referente a 2020/2021, causando uma sensação de melhora no mercado de trabalho. Porém, esse crescimento foi verificado nas categorias de emprego informal, como conta própria e trabalhadores sem carteira de trabalho assinada, ou seja, ocupações mais vulneráveis que, em média, têm rendimentos mais baixos.
Rendimento médio
Entre 2012 e 2022, o estudo destaca que houve uma queda de 2,58% no valor médio mensal do rendimento no Brasil. Já no Acre, a queda foi de 11,79%, percentual maior que a média nacional e da Região Norte, que foi de 4,68%.
No entanto, entre 2019 e 2021, período de surgimento e auge da pandemia no Brasil, o mesmo rendimento caiu 12,01% no Acre, saindo de R$ 2.099 em 2019 para R$ 1.847 em 2021. Em 2022, os níveis de renda voltaram a crescer. No Brasil, o rendimento médio real de todas as fontes cresceu 2,01% frente a 2021 e chegou a R$ 2.533, o segundo menor valor da série desde 2012.
No Acre, esse incremento foi de 6,12%, levando a renda ao patamar de R$ 1.960 mensal. “A recuperação dos rendimentos no biênio 2021/2022 esteve associada a mudanças no mercado de trabalho e acesso das famílias ao Auxílio Brasil/Bolsa Família”, diz o artigo.
Ainda segundo o estudo, o rendimento médio mensal da população residente está associado, em grande medida, à dinâmica do rendimento do trabalho, já que esse é o principal componente da renda. No Acre, entre 2012 e 2022, esse rendimento caiu de R$ 2.441 para R$ 2.219.
“Apesar da aparente melhora no nível de renda das famílias em 2022, motivada em grande medida pelo incremento do valor pago pelo Auxílio Brasil e certa melhora no mercado de trabalho, percebe-se tanto no Brasil quanto no Acre, de forma específica, a urgente necessidade de investimentos a longo prazo em setores como educação, saúde, produção, indústria, comércio e infraestrutura para garantir efetivamente níveis de emprego e renda duradouros e sustentáveis para a população”, destaca o artigo.