CICLOVIVO – 02/09/2019
Eucalipto-cidró, eucalipto-limão ou eucalipto-cheiroso, estes são alguns dos nomes mais conhecidos para a espécie Corymbia citriodora. É dela que sai o óleo essencial capaz de funcionar como “agrotóxico” natural, segundo a pesquisadora Cátia Libarino, que cursa mestrado em Ciências Florestais na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).
Buscando encontrar uma substância natural para combater um fungo específico que ataca a árvore de macadâmia, ela testou três espécies do eucalipto, extraindo seus óleos essenciais e extratos vegetais. Foi na Corymbia citriodora que descobriu a melhor opção.
A maior eficiência para inibir o crescimento do fungo está no óleo essencial da espécie. Ainda que, segundo Cátia, até os extratos vegetais podem ser boas opções para reduzir a severidade de fitopatógenos, isto é, os organismos que causam doenças das plantas. “A facilidade de preparação [desses extratos] utilizando um processador mecânico e sua elevada biodegradabilidade no ambiente torna o processo/produto mais acessível. As folhas frescas em áreas de cultivo pós-colheita ou durante tratos culturais também podem ser aproveitadas para a produção, em média e grande escala, de extratos vegetais”, explicou a pesquisadora.
Replicação
Para o orientador da pesquisa, professor Dalton Longue, até mesmo um pequeno produtor rural poderá aplicar as técnicas que estão em desenvolvimento e ressalta novos usos do cultivo de eucalipto. “Na maioria das vezes, os plantios [de eucaliptos] são planejados apenas para aproveitamento da madeira após o ciclo de crescimento da floresta, desprezando as folhas e seus produtos durante todo o tempo de crescimento. A coleta de folhas e produção de óleos pode ser uma alternativa econômica em vários momentos para uma fazenda florestal”, garante o professor.
Outro ponto interessante é que o óleo essencial da espécie Corymbia citriodora contém citronelal, componente que dá o odor de limão ao óleo de citronela – muito usado como repelente de insetos.
Cultivo orgânico
O cultivo vegetal por meio de controle biológico tem sido propagado como forma de combater o uso exagerado de agrotóxicos e, consequentemente, cuidarmos da saúde humana e do solo. Ana Maria Primavesi, considerada a mãe da agroecologia brasileira, foi uma das pessoas a chamar atenção sobre a necessidade de restabelecer o equilíbrio entre o homem, a natureza e os animais. Adubação verde e controle biológico de “pragas” foram algumas das soluções apontadas por ela ainda nos anos 80. Um pioneirismo exemplar que inspira muitos agricultores até hoje.