EMBRAPA – 12/07/2019
Os grupos de trabalho formados durante o workshop “Oportunidades para inserção de produtos da biodiversidade no ecossistema de inovação”, promovido nos dias 8 e 9 pela Gerência de Marketing da Secretaria de Inovação e Negócios (SIN), apontaram como principais propostas a criação de fóruns ou observatório para uma atuação mais perene dos participantes do evento no tema da biodiversidade/bioeconomia, bem como o fomento à produção de dados/informações sobre biodiversidade que orientem ações, políticas públicas e análises de mercado, assim como a promoção de outros eventos que avancem na temática.
Realizado na Sede, o workshop discutiu como levar produtos da sociobiodiversidade brasileira para o mercado, respeitando a natureza, os interesses e a cultura das comunidades agroextrativistas e tradicionais, e identificar empreendimentos colaborativos e plataformas digitais que estão encurtando o caminho entre oferta e demanda desses produtos para conectar consumidores urbanos com o meio rural.
Os órgãos do Governo Federal – Ministérios da Cidadania, Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) e da Agricultura (Mapa) – debateram a aquisição dos produtos da sociobiodiversidade via compras públicas, a proposta de política da bioeconomia e programas para estruturar as cadeias produtivas, gerar renda e melhorar a qualidade de vida dos agricultores e comunidades tradicionais.
A área de meio ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou a metodologia da Ecoinovação. Voltada para startups, já foi adotada em países como Egito e Jordânia e chegou recentemente ao Brasil. De acordo com Elisa Dettoni, analista da instituição, a metodologia propõe repensar o modelo de negócios com relação à cadeia de fornecimento, à recuperação de recursos e à extensão do tempo de vida para aumentar a produtividade e melhorar o posicionamento desses empreendimentos no mercado.
A Embrapa, por meio da SIN, mostrou que o mercado em torno de produtos da biodiversidade é bastante significativo, pois somente em 2018 rendeu R$ 326 milhões em venda. A Empresa apresentou também a experiência do projeto Bem Diverso, que tem trabalhado com boas práticas de fabricação para melhorar os produtos comercializados por agroextrativistas dos biomas Caatinga, Cerrado e Amazônia, com vistas à venda direta e à inserção desses produtos em mercados locais e regionais.
Plataformas digitais, compras e logísticas compartilhadas
Organizações do terceiro setor participaram dos painéis do workshop para mostrar iniciativas como a do Movimento Negócios da Terra, administrado pela Rede Conexsus, que atua tanto para fortalecer a articulação interna quanto a capacidade das comunidades de acessarem recursos e novos mercados.
Plataformas digitais de comercialização, como a mantida pela Central do Cerrado, oferece interação entre oferta e demanda e permite compras coletivas, enquanto a da Amazonia Hub, que conecta quem está produzindo com qualidade na Amazônia com o circuito do consumo sustentável no Centro-Sul, agrega informações que valorizam os produtos da região e os serviços inspirados na floresta, além de trabalhar com sistemas de logística e armazéns compartilhados.
A rede colaborativa do projeto Origens Brasil, criado pela Imaflora, promove por meio de QR Code rastreabilidade dos produtos indígenas que comercializa para oferecer ao consumidor informações sobre origem, etnia, cultura e valores desses povos. “Trabalhamos para valorizar, de forma ética, as conexões entre quem produz e quem compra”, destaca Mariana Finotti, gestora ambiental do Imaflora.
Investidores e startups
O diretor da startup APTAH Bioinformática, Higor Falcão, que também é sócio da Aceleradora Cotidiano, relatou as dificuldades e oportunidades desse tipo de empreendimento em áreas como biotecnologia e biodiversidade, que possuem atuação regida por marcos legais.
Alessandro Machado, do fundo de investimento Cedro Capital, lembrou que no Brasil ainda são raros os fundos que investem em impacto ambiental e social. “A alocação em projetos relacionados à conservação ambiental representa, no País, 3% dos investimentos dos fundos”, explicou. E destacou a chamada Pontes para Inovação, criada pela Embrapa em 2017, como uma oportunidade para que empreendimentos diversos, inclusive que atuam na área da sociobiodiversidade, obtenham investimentos.
Parceria e apoio
O evento teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e parceria do Sebrae Nacional. “Temos o objetivo de inovar processos e produtos em cadeias de valor e gerar oportunidades de mercado para pequenos negócios”, ressaltou o analista do Sebrae Nacional, Alexandre Ambrosini.
Participaram do workshop pesquisadores, representantes de órgãos públicos federais e distritais, startups, terceiro setor, organismos internacionais e estudantes universitários.