O ano de 2024 terminou e foram divulgados dados da inflação de dezembro e do acumulado de 2024, tanto para o Brasil quanto para Rio Branco, capital do Acre Esses indicadores representam um alerta importante para as autoridades econômicas. Nesta terça-feira, o Fórum Empresarial do Acre compartilhar o Estudo Econômico com uma avaliação do balanço.
A pesquisa completa pode ser conferida aqui.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Rio Branco em dezembro foi de 0,53%, enquanto o índice nacional registrou 0,52%. No acumulado do ano, a inflação em Rio Branco atingiu 4,91%, enquanto a taxa nacional foi de 4,83%. A inflação nacional superou o teto da meta de 4,50% ao ano, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Desde 1999, essa é a oitava vez que o teto da meta não é cumprido.
Em resumo, a inflação acumulada em Rio Branco em 2024 foi marcada por altas expressivas em combustíveis, alimentos e serviços de reparo e utilidade pública. Apesar disso, a queda nos preços de passagens aéreas, alimentos perecíveis e eletrodomésticos ajudou a conter o aumento do índice geral. Essa configuração demonstra a influência de itens essenciais e a vulnerabilidade às variações de custos locais.
Ainda conforme o estudo, a capital acreana registrou uma variação mensal levemente superior da média nacional em dezembro. Esse resultado posiciona Rio Branco em um patamar intermediário em comparação com outras cidades, como Goiânia (0,80%) e Salvador (0,89%), que apresentaram variações mais expressivas, e Porto Alegre (0,50%) e Brasília (0,26%), que registraram variações inferiores. A taxa de dezembro reflete a estabilidade dos preços em nível local, com oscilações pontuais em setores específicos.
Em síntese, os dados indicam que, embora a inflação em Rio Branco tenha se mantido próxima à média nacional, seu desempenho ao longo de 2024 demonstra a necessidade de atenção contínua às dinâmicas regionais de preços, especialmente em setores sensíveis ao custo de vida local.
Veja o resultado dos grupos do IPCA em dezembro
- Alimentação e bebidas: 1,79%;
- Habitação: -1,79%;
- Artigos de residência: 0,89;
- Vestuário: 1,33%;
- Transportes: 0,47%;
- Saúde e cuidados pessoais: -0,2%;
- Despesas pessoais: 0,82%;
- Educação: 0,51%;
- Comunicação: 0,23%.
O grupo “Alimentação e bebidas” teve grande variação em Rio Branco, registrando 1,79% acima da média nacional de 1,18%. Esse aumento significativo sugere um impacto expressivo no custo de vida das famílias, possivelmente influenciado por produtos básicos e sazonais. Por outro lado, o grupo “Habitação” apresentou uma queda de -1,79%, contrastando com a variação de -0,56% observada no Brasil. Esse decréscimo em Rio Branco pode estar associado à redução em tarifas de energia elétrica ou recuos nos preços de serviços residenciais.
No acumulado de 2024, “Alimentação e bebidas” também se destacaram com uma alta de 8,61% em Rio Branco, superando a média nacional de 7,69%. Outro destaque foi “Artigos de residência”, que acumulou 5,11% em Rio Branco, bem acima dos 1,31% registrados nacionalmente, o que indica pressões inflacionárias em bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos. Em contraste, o grupo “Vestuário” apresentou uma deflação de -0,54% na capital acreana, enquanto registrou alta de 2,78% no Brasil, sinalizando um comportamento local distinto que pode ser reflexo de promoções ou menor demanda.
A pesquisa aponta que os principais bens/serviços que influenciaram o IPCA em Rio Branco em dezembro de 2024 foram:
- Passagem aérea teve alta de 18,07%, reflexo da demanda elevada típica do final de ano e possíveis reajustes no setor;
- Abacate aparece em segundo lugar, com um aumento expressivo de 16,81%.
- Ônibus interestadual aumentou 10,29%
- Café moído também aumentou, chegando a 8,97%)
- Filé-mignon (8,52%), alcatra (7,08%) e capa de filé (5,76%) também apresentaram altas significativas, influenciando o custo de vida das famílias acreanas
Desaceleração
Em contrapartida, o IPCA de Rio Branco registrou reduções importantes em dezembro. O limão apresentou a maior queda, com -18,97%, seguido pelo tomate (-7,5%) e a batata-inglesa (-6,77). A energia elétrica residencial teve uma queda de -4,33%, o que pode estar relacionado a ajustes tarifários ou compensações climáticas favoráveis. Outros itens que contribuíram para a desaceleração dos preços foram a cebola (-5,2%) e produtos não alimentícios, como sapato feminino (-2,42%) e mochila (-2,69%), refletindo uma menor demanda em comparação ao restante do ano.
Dentre os produtos alimentícios desempenharam um papel expressivo no aumento da inflação em dezembro de 2024 em Rio Branco, estão:
- Contrafilé (0,0599 p.p.)
- Frango inteiro (0,0293 p.p.)
- Tambaqui (0,0198 p.p.)
- Ovo de galinha (0,0181 p.p.)
Esses aumentos estão relacionados a fatores sazonais, condições climáticas adversas e a um mercado pressionado pela demanda local. Outro ponto de destaque é o aumento das passagens aéreas, que liderou com um impacto de 0,1396 p.p., sendo o item de maior peso na inflação do período. Esse aumento é atribuído à alta demanda típica de fim de ano, ao aumento nos custos operacionais devido à variação cambial e ao encarecimento de combustíveis, além de possíveis restrições na oferta de voos em regiões mais remotas, como o Acre, elevando ainda mais os preços.
Além disso, produtos amplamente consumidos, como o café moído (0,0503 p.p.), e serviços, como refeições fora de casa (0,0586 p.p.) e cabeleireiro (0,0211 p.p.), reforçam que o encarecimento foi sentido tanto em bens de consumo doméstico quanto em serviços. Esse cenário reflete um aumento amplo e disseminado de preços, com pressão tanto sobre produtos básicos quanto sobre serviços ligados ao lazer e à rotina das famílias.
Por outro lado, alguns bens e serviços apresentaram reduções importantes de preços, como a energia elétrica residencial (-0,2701 p.p.), que liderou as quedas e teve um efeito compensatório relevante, devido à adoção de bandeira tarifária favorável. A gasolina (-0,0275 p.p.) também contribuiu com uma redução, refletindo o comportamento de preços internacionais. Além disso, itens alimentícios como tomate (-0,0150 p.p.), limão (-0,0115 p.p.) e farinha de mandioca (-0,0067 p.p.) indicam que, apesar das altas em alguns produtos, outros apresentaram alívio para os consumidores. As quedas nos preços de bens duráveis, como refrigeradores (-0,0085 p.p.) e sapatos femininos (-0,0095 p.p.), podem estar associadas a promoções sazonais e redução na demanda.