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O mundo perdeu mais da metade de seus vertebrados nos últimos 50 anos

Por Galileu e EcoDesenvolvimento – 30/10/2018

equivalente a 40% de todos os peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis que perambulavam por algum canto do planeta em 1970 está vivo hoje. O dado foi apresentado no Relatório Planeta Vivo 2018, divulgado nesta terça-feira (30).

Publicado a cada dois anos pela organização não-governamental World Wide Fund for Nature (WWF) desde 1998, o documento reúne o trabalho de mais de 50 especialistas acadêmicos e governamentais e de entidades de desenvolvimento internacional e conservação no acompanhamento da situação da biodiversidade global.

O levantamento é claro: a atividade humana não sustentável está levando os sistemas naturais do planeta ao limite. O consumo humano descontrolado fez a Pegada Ecológica – um indicador do consumo de recursos naturais – aumentar cerca de 190% nos últimos 50 anos.

“A ciência está mostrando a dura realidade que nossas florestas, oceanos e rios estão sofrendo em nossas mãos”, disse Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional. “Centímetro por centímetro, espécie por espécie, a redução do número de animais e locais selvagens é um indicador do tremendo impacto e pressão que estamos exercendo sobre o planeta, esgarçando o tecido vivo que nos sustenta: a natureza e a biodiversidade.”

A situação é ainda mais dramática nas Américas Central e do Sul, com 89% menos animais vivos que em 1970. A principal causa da perda de espécies é o desmatamento e, no caso do Brasil, o fato de ser a maior fronteira de desmatamento do mundo – mais de 1,4 milhões de hectares de vegetação natural são perdidos por ano. Nos últimos 50 anos, 20% da  Amazônia já desapareceu.

O relatório aponta também a região do Cerrado como uma das maiores frentes de desmatamento no mundo. Além de um golpe na biodiversidade do país, o desmatamento no Cerrado atinge diretamente sua capacidade hídrica, uma vez que as águas que nascem no bioma alimentam alguns dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, bem como seis das oito grandes bacias hidrográficas brasileiras.

A mudança de uso do solo, em especial o desmatamento, é um dos principais fatores de emissão de gases de efeito estufa do Brasil. Entre 1990 e 2013, a mudança de uso do solo foi responsável por 62,1% do total de emissões do país, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).

De acordo com o documento, toda atividade econômica depende, em última instância, dos serviços prestados pela natureza. Estima-se que, globalmente, a natureza forneça serviços no valor de US$ 125 trilhões por ano.

“Tudo está diretamente conectado. Dos insetos e pássaros que polinizam as lavouras que nos alimentam, passando pelo suprimento de água limpa da qual dependem todas as nossas atividades até o ar que respiramos a cada segundo”, afirma Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil. “A proteção das florestas, dos recursos hídricos, da biodiversidade é também a proteção das pessoas e da nossa sociedade. Comprometer o meio ambiente é comprometer o nosso futuro.”

Necessidades globais

“Nos próximos anos, precisamos urgentemente transitar para uma sociedade neutra em carbono e deter e reverter a perda da natureza – por meio de financiamento verde, energia limpa e produção de alimentos ecologicamente correta. Devemos também manter e restaurar solos e mares no estado natural tanto quanto possível”, destaca Marco Lambertini, diretor-geral da WWF International.

De acordo com o estudo, toda atividade econômica depende, em última instância, dos serviços prestados pela natureza, tornando-a um componente imensamente valioso da riqueza de uma nação. Estima-se que, globalmente, a natureza forneça serviços no valor de US$ 125 trilhões por ano. Governos, empresas e o setor financeiro estão começando a questionar como os riscos ambientais globais – como aumentar a pressão sobre terras agrícolas, degradação do solo, estresse hídrico e condições climáticas extremas eventos – afetará o desempenho macroeconômico dos países, setores e mercados financeiros.

Entre as principais conclusões do levantamento estão:

  • Atualmente, 90% dos pássaros marinhos têm fragmentos de plástico no estômago;
  • A natureza fornece, globalmente, serviços que valem cerca de US$ 125 trilhões por ano;
  • No século 20, os peixes de água doce tiveram a maior taxa de extinção entre os vertebrados do planeta;
  • Cerca de 200 milhões de pessoas dependem dos recifes de corais para se proteger de tempestades e ondas;
  • Florestas tropicais estão desaparecendo: quase 20% da Amazônia desapareceu em apenas 50 anos;
  • Nos últimos 50 anos, a taxa de aumento médio da temperatura global foi 170 vezes maior que a variação do período anterior;
  • Ao menos 70% das novas moléculas dos remédios introduzidos nos últimos 25 anos vieram de uma fonte natural;
  • Quase 6 milhões de toneladas de peixes e outros frutos do mar foram retirados dos oceanos desde 1950.

“Somos a primeira geração que tem uma visão clara do valor da natureza e do enorme impacto que temos sobre ela. Nós também podemos ser os últimos que podem agir para reverter essa tendência. A partir de agora, até 2020, será um momento decisivo na história”, conclui o Relatório Planeta Vivo 2018.

 

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