Presidente da FAEAC destaca melhorias em ramais e instalação de mais silos e armazéns de grãos como prioridades no agronegócio

Presidente da FAEAC, Assuero Veronez, destacou quais as demandas prioritárias de investimentos no agronegócio

O agronegócio acreano passa por um momento especial. De um lado, temos a pecuária que conquistou o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, em maio de 2021, o que habilita o Estado a exportar carne para qualquer mercado mundial.  De outro lado, assistimos à introdução de atividades que, até então, eram impossíveis de serem praticadas no Acre, como é o caso da produção comercial de soja e milho.

Sob essa perspectiva, o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Acre (FAEAC), Assuero Veronez, falou sobre os gargalos e principais problemas enfrentados no setor durante reunião em Brasília, entre os dias 17 e 19. A convite do Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, o empresário participou dos encontros com parlamentares da bancada federal acreana e das tratativas em busca de recursos e apoio no Congresso Nacional.

Ele destaca que os acreanos experimentam, nos últimos anos, o crescimento de novas atividades que propiciam renda e empregos, que geram produtos exportáveis e, portanto, são importantes para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Neste contexto, também a produção de carnes bovina, mas especialmente suínas, estão conquistando mercados importantes.

Contudo, mudanças e melhorias são necessárias para alavancar esse crescimento. Em Brasília, o pecuarista destacou que o Acre tem dificuldades que precisam ser enfrentadas e que muitas vezes são inerentes às atribuições do Poder Público, como, por exemplo, a situação de ramais e pontes que necessitam de manutenção e reformas para garantir o tráfico durante o ano todo aos produtores que estão fora do eixo das rodovias principais possam também ter a possibilidade de produzir grãos em propriedades que hoje têm dificuldade de trafegabilidade.

Há ainda uma outra limitação que trata da necessidade de mais silos e armazéns que permitam a secagem de grãos e sua armazenagem. Sem ter onde armazenar e garantir a qualidade dos produtos aptos à exportação, ficam comprometidas as metas de se alcançar mercados importantes que demandam os produtos.

“Encaminhamos, portanto, esses dois pontos principais à bancada federal para que eles se sensibilizem, conheçam os problemas e possam destinar recursos para que a gente resolva essas dificuldades, esses gargalos identificados. É claro que ainda há outras coisas, mas esses dois pontos são fundamentais para que consigamos expandir a produção de grãos no Estado, que repercutem diretamente em seu desenvolvimento. O Acre tem como vocação a agropecuária e essa vocação precisa ser exercida e desenvolvida, incorporando tecnologias que propiciem o aumento do volume produzido, tendo escala exportadora e para isso é preciso que os produtores se engajem nesse processo desde que haja segurança quanto a infraestrutura, indispensável para escoamento da produção”, destacou.

Assuero Veronez destaca também que o cenário regional inclui o Acre em uma perspectiva bastante interessante em relação a exportação de grãos e carnes para a China. Isso porque, a China hoje é o principal parceiro comercial do Brasil, especialmente no agronegócio, e está construindo um grande porto no Peru, na costa do Pacífico, o Porto de Chancay, que permitirá criar um cenário positivo e otimista para que o Acre, sempre muito esquecido e distante dos grandes mercados, possa mudar de posição e ser um ponto de ligação e produção para essa comercialização.

“A construção desse cenário extremamente positivo, depende, obviamente, de acordos bilaterais e multilaterais que fortaleçam o comércio entre esses países, de modo a justificar a construção da ligação rodoferroviária entre Brasil e China, cruzando o território peruano. Nesse contexto, é preciso enxergar a fundamental produção agropecuária do Centro Oeste/Norte, especialmente a região produtora dos estados do Mato Grosso e Rondônia e o Acre, estrategicamente colocado nessa rota, será certamente beneficiado, trazendo-nos uma situação positiva quanto à produção como à exportação”, pontuou.

Outro importante momento da viagem à Brasília foi a reunião com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, e o presidente do Fórum e da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), José Adriano, o senador Alan Rick; o presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), Luiz Gonzaga e o secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Assurbanípal Mesquita.

Para o empresário, o encontro mostrou que a China conhece profundamente toda a geopolítica regional e pensa, obviamente, estabelecer essa ligação comercial entre os dois países, Brasil e Peru. A conversa foi um começo de discussão, mas que se percebe já existir intenção de prospectar essa rota e, portanto, o Governo Estadual tem que se empenhar na construção dessa via que é considerada vital para viabilidade econômica.

“É realmente importante que nós fiquemos atentos a essa situação e que a bancada federal participe ativamente dessas discussões, apoiando essa ligação que seria a redenção do Acre, pois ficaremos geograficamente colocados entre esses dois países vizinhos, tendo a China como parceiro comercial extremamente relevante. Temos que acompanhar e trabalhar no sentido de eliminar os gargalos existentes e especialmente superar a questão ambiental, que hoje tem sido um óbice à construção de infraestrutura na Amazônia”, concluiu.

 

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