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Produtividade do brasileiro é a mesma há 30 anos

JORNAL DA USP – 21/02/2020

O Brasil sempre foi conhecido por ter baixa produtividade no trabalho em comparação com outros países. Mas a situação começou a se agravar nos últimos anos. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, de 1981 a 2018, a renda per capita do País cresceu 0,9%, enquanto a produtividade avançou apenas 0,4%. E pode piorar ainda mais pela queda na taxa de natalidade, que significa menos pessoas entrando no mercado de trabalho, diminuindo a força produtiva.

Ao avaliar a situação brasileira, o professor Sérgio Sakurai, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto – FEA-RP da USP, explica que crescimento econômico se faz pelo acúmulo de produção – basicamente capital e trabalho -, somado ao aumento da produtividade dos mesmos. Assim, para crescer, o Brasil precisa aumentar a força de trabalho, massa laboral, estoque de bens de capital e de produção, mas “é importante também que tanto o trabalho quanto o capital sejam mais produtivos”.

Contudo, com a queda da quantidade de trabalhadores economicamente ativos (composta de pessoas da faixa etária entre 15 e 64 anos), ainda segundo dados do estudo da FGV, o Brasil terá que investir na resolução de um problema estrutural, a qualificação do trabalhador. ”Investir em educação e qualificação para elevar produtividade do trabalhador”, garante Sakurai, é a única forma de gerar crescimento sustentável nas próximas décadas.

É que “a produtividade média de um brasileiro típico vem se mantendo muito baixa há 20, 30 anos. É tão baixa que um trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano faz em 15 minutos e um alemão ou coreano, em 20 minutos”, insiste o professor.

Como o mercado deve sentir a diminuição na oferta de trabalhadores mais intensamente nos próximos anos, “melhorar a qualidade da mão de obra atual é fundamental”, para que consigamos aumentar a produtividade e respectivo aumento da renda per capita.

As perspectivas de futuro para o curto prazo não são das melhores, já que o País teria que realizar uma inclusão da população na educação a uma taxa muito alta. Mas o problema estrutural da educação volta à baila, não só pela oferta insuficiente de qualificação, mas porque, via de regra, o brasileiro abandona a escola no ensino médio.

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