EMBRAPA – 24/07/2020
A Embrapa e o Agri-Food Canada (AAFC) assinaram no dia 22 de julho de 2020 Memorando de Entendimento (MOU) que formaliza a cooperação técnica entre as duas instituições. Em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus, o documento foi assinado virtualmente por Celso Moretti, presidente da Embrapa, e por Gilles Saindon, vice-ministro adjunto do Departamento de Ciência e Tecnologia do AAFC (STB, sigla em inglês). O MOU consolida uma parceria que já existe desde meados dos anos 2000 nas áreas de melhoramento genético de trigo e mudanças climáticas, e abre portas para novas pesquisas e inovações em campos avançados da ciência, como edição gênica e agricultura de precisão.
Apesar das diferenças climáticas e socioeconômicas, Brasil e Canadá são países continentais com desafios semelhantes no que se refere à produção de alimentos, produtos agroindustriais e sustentabilidade dos sistemas agropecuários. Essa convergência de interesses em prol do desenvolvimento de soluções e inovações para a agricultura foi ressaltada pelos dirigentes da Embrapa e do AAFC durante a cerimônia virtual de assinatura do documento, que contou ainda com a participação de Guy de Capdeville e Adriana Martin, respectivamente diretores de P&D e Inovação e Tecnologia; de Alexandre Varella, coordenador do Labex EUA, além de secretários, gestores e pesquisadores das duas instituições.
“Nem mesmo a pandemia nos impediu de discutir, avançar e assinar esse documento tão importante para formalizar e estreitar a parceria com a Embrapa”, destacou Saindon. Ele disse que nas várias vezes em que visitou o Brasil, teve a oportunidade de conhecer diversas unidades de pesquisa da Empresa em diferentes regiões brasileiras e sempre identificou oportunidades de interação com o STB. Hoje, o departamento, que é o braço do AAFC para a ciência e tecnologia no Canadá, conta com 20 centros de pesquisa e coordena aproximadamente 900 projetos voltados à agropecuária.
O presidente da Embrapa ressaltou que, até nesse ponto, as instituições são similares, visto que o portfólio de pesquisa da Embrapa hoje também conta com cerca de 900 projetos. Moretti comemorou a formalização da parceria e a importância que representa para fortalecer a sustentabilidade e a competitividade do agro dos dois países.
Ele enfatizou a importância da ciência e da cooperação com instituições brasileiras e internacionais para o desenvolvimento da agricultura. “Essas foram as principais bases para que o Brasil saltasse da posição de importador de alimentos, na década de 1970, para ser um dos principais players do agronegócio mundial atualmente”, pontuou o presidente. A “saga brasileira”, como define Moretti, teve como principais pilares a transformação dos solos pobres e ácidos em terras férteis, a tropicalização de plantas e animais e a construção de uma plataforma sustentável.
“A assinatura do Memorando de Entendimento com o AAFC abre horizontes para a troca de conhecimentos e experiências em novas áreas, que vão garantir a continuidade do crescimento do agro dos dois países, como segurança alimentar e nutricional, biotecnologia, Big Data, Machine Learning, entre tantas outras”, celebrou o presidente.
O futuro da parceria: edição gênica e agricultura de precisão
As áreas de edição gênica e agricultura de precisão e digital foram elencadas, pelas instituições, como prioritárias para a cooperação, não só com cereais, mas com outros cultivos e criações de interesse mútuo.
Segundo Guy de Capdeville, diretor de P&D, serão realizados dois workshops, entre os meses de setembro e novembro de 2020, para definição de equipes e linhas prioritárias de pesquisas nessas áreas. Os dois eventos terão coordenação conjunta.
O workshop de edição gênica será coordenado por parte da Embrapa por Alexandre Nepomuceno e Hugo Molinari, respectivamente presidente e secretário-executivo do portfólio Biotecnologia Avançada Aplicada ao Agronegócio. Pelo AAFC, por Étienne Lord, pesquisador de Inteligência Artificial e Louis Longchamps, ambos do STB.
O de agricultura de precisão ficará sob a responsabilidade de Ricardo Inamasu e Angélica Leite, presidente e secretária-executiva do portfólio Automação e Agricultura de Precisão e Digital, pela parte da Embrapa. A coordenação por parte do AAFC será da pesquisadora Stacy Singer.
Os projetos de cooperação científica (PCC) serão iniciados em 2021.