Localizado no extremo sudoeste da Amazônia brasileira, o Acre tem fronteiras internacionais com Peru e Bolívia e divisas com os estados do Amazonas e Rondônia. É o 16º estado do país em extensão territorial (164.123,737 Km²) e o 25º em densidade demográfica, com 4,47 habitantes por quilômetro quadrado, segundo o IBGE (Censo/2010).
Possui 22 Municípios distribuídos em duas mesorregiões geográficas, o Vale do Acre e o Vale do Juruá, e encontra-se dividido, politicamente, em cinco regionais de desenvolvimento, ou microrregiões: Alto Acre, Baixo Acre, Purus, Tarauacá/Envira e Juruá. Nessas microrregiões encontram-se os principais rios acreanos (Acre, Purus, Envira, Tarauacá, Juruá e Gregório), que compõem as duas grandes bacias hidrográficas do estado, a Bacia do Acre-Purus e a Bacia do Juruá.
O relevo se caracteriza pela presença de extensas áreas de superfície rebaixada, baixos platôs e áreas alagadiças que margeiam os grandes rios da região, dando origem a lagos, igarapés, igapós.
O clima é quente e úmido, apresentando duas estações, uma seca e outra chuvosa. A primeira ocorre de maio a outubro; e a segunda, de novembro a abril, marcando o chamado “inverno amazônico”, quando se observa o aumento da incidência de chuvas na região. As temperaturas médias anuais variam entre 24,5º C e 32º C a máxima, mas pode chegar a 10º C nas “friagens”, fenômeno que ocorre devido à entrada de massa polar (Atlântica) que provoca uma queda brusca na temperatura, normalmente na estação seca.
No último Censo realizado pelo IBGE (2010), a população somava 733.559 pessoas. A estimativa projetada pelo IBGE para a população do estado em 2020 foi de 894.470 pessoas. A capital, Rio Branco, e o município de Cruzeiro do Sul são as cidades mais populosas – juntas, concentram mais de 55% do contingente populacional-, seguidas de Sena Madureira, Tarauacá, Feijó e Brasileia.
No século XIX, antes da chegada dos primeiros colonizadores, cerca de 50 povos indígenas viviam nas terras que hoje compõem o Acre. Os moradores mais antigos da região ocupavam os altos rios Purus e Juruá e eram falantes de dois principais troncos linguísticos: o Pano e o Aruak. Parte desses grupos desapareceu com a chegada do homem branco e a invasão de terras tradicionalmente ocupadas por eles para a implantação de grandes seringais.
A ocupação do território por não indígenas começou no final da década de 1800, período no qual muitos brasileiros vieram para a Amazônia trabalhar com a extração do látex da seringueira (Hevea Brasiliensis), atividade que se mostrava lucrativa diante da procura das indústrias internacionais por essa matéria-prima nativa da região. Nessa época, as terras acreanas eram de propriedade da Bolívia.
A chegada expressiva de migrantes na Amazônia, sobretudo nordestinos, e a instalação de seringais na região marcou o início não apenas da expansão brasileira em terras bolivianas, mas também dos conflitos armados pela disputa da soberania do território no auge da economia da borracha. Seringal é uma extensa área de terra cujo conjunto representava a unidade produtiva e social da economia da borracha. O seringal se constituía por um barracão central, onde residiam o dono, os capatazes e o guarda-livros; o barracão, que vendia gêneros de primeira necessidade aos seringueiros e armazenava a borracha; a colocação, área onde os seringueiros instalavam suas casas; e as estradas de seringa.
A luta pelo direito de ocupar as terras envolveu os não indígenas, que se tornaram seringueiros. A disputa armada se estendeu de 1899 a 1903 e ficou conhecida como Revolução Acreana. Neste período, a “independência” do Acre foi declarada duas vezes: Em 14 de julho de 1889, pelo espanhol Luís Galvez Rodrigues de Arias, que liderava os seringueiros e fundou a República Independente do Acre, da qual foi presidente; e em 6 de agosto de 1902, com a proclamação do Estado Independente do Acre pelo gaúcho José Plácido de Castro, que chefiou o grupo de seringueiros na ocupação da Vila de Xapuri e no posterior ataque a Puerto Alonso. A questão do Acre foi resolvida com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, quando o então território boliviano foi anexado definitivamente ao Brasil. O documento foi resultado de saídas diplomáticas pensadas pelo Barão do Rio Branco, então ministro das Relações Exteriores, entre as quais o compromisso brasileiro de indenizar financeiramente a Bolívia e de construir a ferrovia Madeira-Mamoré.
O segundo grande grupo de brasileiros, também formado principalmente por nordestinos, chegou ao Acre durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945). Foram os chamados “soldados da borracha”, homens recrutados pelo governo federal para trabalhar na extração da Hevea Brasiliensis na Amazônia, uma estratégia para cumprir com os Acordos de Washington (1942), que previa o envio da matéria-prima já transformada em borracha à indústria bélica dos Estados Unidos, um dos países aliados contra a ameaça nazista. O esforço para reativar os seringais da região, que entraram em decadência após o contrabando de mudas de seringueira para colônias britânicas na Ásia resultar na produção de uma borracha mais barata e em larga escala, marcou o segundo ciclo da Borracha no país.
Do final do século XIX ao início do século XX, o surgimento dos primeiros povoados, que dariam depois origem a cidades do Acre, esteve intrinsicamente ligado à empresa seringalista, cuja estrutura econômica girava em torno do barracão, lugar que centralizava a produção de látex dos seringueiros e a venda de mantimentos para as famílias extrativistas – relação que beneficiava apenas os seringalistas, chamados de “patrões”, pois obrigava os seringueiros a contrair dívidas cada vez maiores, mantendo-os, assim, como mão-de-obra escrava.
A falência e o esvaziamento dos seringais em meados do século XX deu início a uma relação cada vez mais estreita com a floresta, lugar onde os nordestinos (incluindo os ribeirinhos, que se instalaram às margens dos rios) constituíram famílias.
A partir da década de 1970, quando o Governo Federal passou a incentivar a implantação de fazendas para a criação de gado, os antigos seringais do Acre começaram a ser vendidos para compradores das regiões Sul e Sudeste do Brasil. A decisão fazia parte do plano do regime militar, em vigor desde o golpe de 1964, para a modernização da Amazônia. A expulsão violenta de muitos seringueiros, ribeirinhos e indígenas deu início a um movimento de resistência, liderado por nomes como Wilson Pinheiro (1933-1980) e Chico Mendes (1944-1988), ambos assassinados. Os seringueiros se organizaram e iniciaram um movimento de resistência que ficou conhecido como “empates”, iniciativa que reunia grupos de homens e mulheres que formavam uma corrente humana para impedir a derrubada de árvores.
Em 1985, foi organizado em Brasília o primeiro Encontro Nacional dos Seringueiros – que deu origem ao Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) e a partir desse marco foi elaborada uma proposta de reforma agrária do/para os seringueiros, a Reserva Extrativista (RESEX).
A cultura e o modo de vida do acreano têm relação direta com a floresta e foram fortemente influenciados por três grandes grupos: os indígenas, os nordestinos e os sírio-libaneses. Esse último grupo chegou ao Acre até a primeira década do século XX e era formado por famílias sírias e libanesas, que trabalhavam como mascates em barcos que subiam os rios e igarapés para negociar mercadorias em troca de produtos como borracha e castanha. Esses comerciantes ficaram conhecidos na região como regatões. Com o tempo, e também a falência dos seringais, eles se estabeleceram em áreas urbanas, onde abriram lojas para a venda de tecidos e aviamentos em geral.
O artesanato feito com produtos da floresta e as comidas típicas – com pratos como o tacacá (indígena), a baixaria (nordestina) e os quibes (árabe) – são os melhores exemplos das heranças que ajudaram a compor a identidade acreana, mas não os únicos. O conhecimento e a sabedoria tradicional dos povos indígenas influenciaram, por exemplo, a relação que os acreanos têm com as plantas medicinais da floresta, sendo comum nas famílias o uso de garrafadas, chás e unguentos preparados com folhas e cascas de árvores nativas.
A cultura seringueira está presente no imaginário da população e em trabalhos como os do artista Hélio Melo (1926-2001) e Ivan Campos, entre outros. Nas cidades, ela é marcada pela presença de elementos como a rede, o lampião ou a poronga na decoração das casas.
O povo é alegre e hospitaleiro, e a exemplo dos seringueiros que no século XIX lutaram para que o território fosse brasileiro, o gentílico do estado não se reconhece como “acriano” – como reza o Novo Acordo Ortográfico –, e sim “acreano”.
A cultura e o modo de vida do acreano têm relação direta com a floresta e foram fortemente influenciados por três grandes grupos: os indígenas, os nordestinos e os sírio-libaneses. Esse último grupo chegou ao Acre até a primeira década do século XX e era formado por famílias sírias e libanesas, que trabalhavam como mascates em barcos que subiam os rios e igarapés para negociar mercadorias em troca de produtos como borracha e castanha. Esses comerciantes ficaram conhecidos na região como regatões. Com o tempo, e também a falência dos seringais, eles se estabeleceram em áreas urbanas, onde abriram lojas para a venda de tecidos e aviamentos em geral.
O artesanato feito com produtos da floresta e as comidas típicas – com pratos como o tacacá (indígena), a baixaria (nordestina) e os quibes (árabe) – são os melhores exemplos das heranças que ajudaram a compor a identidade acreana, mas não os únicos. O conhecimento e a sabedoria tradicional dos povos indígenas influenciaram, por exemplo, a relação que os acreanos têm com as plantas medicinais da floresta, sendo comum nas famílias o uso de garrafadas, chás e unguentos preparados com folhas e cascas de árvores nativas.
O povo é alegre e hospitaleiro, e a exemplo dos seringueiros que no século XIX lutaram para que o território fosse brasileiro, o gentílico do estado não se reconhece como “acriano” – como reza o Novo Acordo Ortográfico –, e sim “acreano”.
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