VEJA – 15/04/20
As políticas de isolamento social e de quarentena incentivadas ou impostas devido à pandemia de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, que já infectou cerca de dois milhões de pessoas no mundo e matou mais de 120.000, trouxeram resultados inesperados na paisagem de diversas cidades pelo mundo. Com a diminuição da atividade industrial e da circulação humana nas ruas, montanhas começaram a emergir no horizonte em lugares onde a poluição, até então, criava uma cortina cinza de gás carbônico.
A Índia, um dos países com maiores índices de poluição do mundo, colocou sob quarentena mais de 1,3 bilhões de pessoas. O resultado da quarentena pode ser visto no céu e nos melhores índices de qualidade do ar. Na capital Nova Delhi, apesar de ainda haver um tom cinza no céu, os moradores puderam respirar um ar mais limpo.
Já no norte do país, os moradores da cidade de Jalandhar amanheceram no dia 3 de abril com uma rara visão que antes ocorria somente após a chuva: sem esforço algum e dos telhados de suas casas, as pessoas puderam avistar a cadeia de montanhas Dhauladhar. Trata-se de uma perspectiva, em geral, contada pelos avós.
Em Nairobi, capital do Quênia, um fotógrafo capturou a imagem do Monte Quênia de dentro da cidade, o que antes seria impossível. “De vez em quando eu vejo o Monte Quênia nas manhãs, ele quase nunca está nítido e não vale uma fotografia, mas nesta manhã ele estava vívido e bem difícil de passar despercebido”, escreveu Osman Siddiqi em sua conta no Instagram. “Esta foto é uma prova do que podemos estar perdendo com a natureza.”
Um dos países mais impactados pela Covid-19, os céus da Itália também se beneficiaram. Mas foi em Veneza, uma das cidades turísticas mais movimentadas no mundo, que a mudança foi mais aparente. Com as gondolas atracadas e a menor movimentação, as águas dos canais estão calmas e menos turvas. Golfinhos, cisnes e cardumes voltaram a circular. A Praça de São Marcos, antes lotada de pessoas, está vazia. A impressão é a de uma cidade fantasma.
Apesar de a pandemia ter trazido de volta paisagens raras devido à diminuição da poluição, o vírus deixa um rastro de destruição por onde passa. Ao todo, a doença já infectou 2.000.984 de pessoas e, delas, matou 128.071. O pior cenário continua a ser registrado nos Estados Unidos, que conta com 609.696 infectados e 26.059 mortes.