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Sem Governo ativo, Brasil ficará longe da indústria 4.0

Por Luis Osvaldo Grossmann e Ana Paula Lobo – CONVERGÊNCIA DIGITAL – 24/04/2018

Ao entrevistar 1,6 mil executivos em 19 países, 102 deles no Brasil, a consultoria Deloitte tentou medir a preparação dos mercados para a chamada ‘indústria 4.0’, a combinação dos mundos físico e digital no ambiente fabril. E descobriu que entre os brasileiros a maior preocupação é com a qualidade da mão de obra.

“No Brasil há um forte senso de preparação para endereçar as mudanças colocadas pela tecnologia na organização estrutural e nos empregados. Diferentemente de executivos globais, para quem talento e recursos humanos caem para o fim da discussão, 31% dos executivos brasileiros indicaram que a força de trabalho é um tópico frequente de discussão, comparado com 17% globalmente”, afirma o líder Global de Consumer & Industrial Products da Deloitte, Tim Hanley.

Além disso, os brasileiros tendem a enxergar a tecnologia como um grande diferenciador. Segundo ele, “39% dos entrevistados no Brasil consideram a tecnologia como chave para a diferenciação competitiva, comparado com 20% de média global. Os executivos brasileiros também acreditam que suas organizações estão mais aptas a enfrentar desafios tecnológicos da indústria 4.0”.

Pela avaliação, no entanto, é possível perceber que o Brasil não está exatamente entre os líderes desse momento de modernização industrial. “É uma disputa muito competitiva, com China, EUA, Alemanha e vários outros países aportando investimentos significativos tanto públicos como privados na indústria 4.0. Esses países elevaram o foco de suas estratégias em políticas públicas, investiram no desenvolvimento de tecnologias avançadas, construíram a infraestrutura para suportar novos ecossistemas e investiram na força de trabalho de amanhã”, lembra Hanley.

Segundo a Deloitte, governos têm papel estratégico na criação do ambiente propício para os negócios serem competitivos local e globalmente. “Políticas e investimentos com foco em talento, inovação e infraestrutura, custos e energia são chave para a competitividade. Os governos também têm o importante papel de reunir iniciativas de colaboração público-privadas em tecnologias críticas que possam ter impacto na economia.” Outra avaliação é de que os empregos tendem a mudar, mais do que desaparecer.

“A automação não vai necessariamente roubar empregos, mas vai mudar o tipo de trabalho ao nos encaminhamos para um ambiente mais automatizado. A aceleração da conectividade e das tecnologias cognitivas muda a natureza do trabalho. Sistemas de inteligência artificial, robótica e ferramentas cognitivas ganham maior sofisticação e praticamente todos os empregos serão reinventados. À medida que essa tendência acelera, as organizações devem reconsiderar como definem empregos, organizam trabalhos e planejam o crescimento futuro”, completou o líder da Delloite.

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